Viola Pura
Viola. Esse é o nome do terceiro trabalho do cantor,
compositor, poeta, jornalista e violeiro Claudivan Santiago, o segundo voltado
exclusivamente para a viola caipira. Com uma linguagem musical bem própria,
esse tocantinense radicado em Brasília desde 2003 vem conquistando fãs e inovando
no mundo da chamada música raiz. Com suas letras às vezes rebuscadas e melodias
sentimentalistas, suas músicas nos remetem à vida no campo. De imediato, chama
a atenção sua forma muito particular de tocar a viola, instrumento no qual
iniciou os primeiros dedilhados em 2005, principalmente por se tratar de um
músico autodidata.
Nesse novo trabalho, Claudivan Santiago procura
mostrar o violeiro. Por isso optou por fazer um CD quase todo instrumental,
seguindo os passos do seu grande mestre, Almir Sater. Das 12 músicas que
compõem o Viola Pura Viola, apenas
duas são cantadas.
Um dos destaques é a música A Experiência, que relata a história de um quase pacto com o
Demônio. Nela, o cantor mostra um pouco da sua veia poética e suas destrezas
com a viola. “Essa história de pacto com o Cramunhão fazem parte do universo da
viola caipira, e da própria música do homem rural. E isso vem de muito longe.
Desde criança eu ouvia falar dessas coisas. Mas essa música foi uma grande
coincidência, não foi nada premeditado. A inspiração surgiu, e pronto!”, define
o artista.
Outra música que chama a atenção é Memórias de um Sertanejo. Em estilo mais
dançante, ela possui uma melodia dolorida, e fala da saudade de quem deixou o
sertão para morar na cidade, tema comum no estilo caipira. A música lembra a
famosa Vaca Estrela e Boi Fubá, obra do poeta cearense Patativa do Assaré,
imortalizada na voz de Fagner. E essa similaridade não é por acaso. Claudivan
Santiago é filho de mãe cearense, da região de Sobral, e se define como “um
cearense nascido no Tocantins”.
Entre as instrumentais, os destaques são Dedo Duro e Pagode do Desesperado, que nos remetem à herança do saudoso Tião
Carreiro, o rei do pagode; Valsa nas
Nuvens, por sua vez, é uma viagem melódica e que exprime bastante ternura;
A Matinha, que Claudivan fez
inspirado na obra da violeira matogrossense Helena Meirelles; Buraco Negro, onde o batido caipira da
viola ganha um ar pop com o uso da bateria eletrônica; e Viola Pura Viola, faixa que abre o CD e dá nome ao disco. Em todas
elas, o artista imprimiu técnicas que aprendeu ouvindo Renato Andrade, Braz da
Viola, Ivan Vilela e outros grandes mestres da viola caipira brasileira.
“Esta é uma experiência muito gratificante. Porque
nunca pensei em fazer um disco instrumental. Sempre sonhei ser pianista,
guitarrista, algo assim. Mas foi a viola que me pegou. E a música, para mim, é
algo sobrenatural, que nos liga a outro mundo, a outras visões da vida, a
outras dimensões”, completa Santiago.
Nenhum comentário:
Postar um comentário