10/11/2009

Ventos literários da África

O viajante, que publica suas aventuras no Diário da África conseguiu a façanha de entrevistar, nada mais nada menos que Mia Couto. Então, segue uma  parte da entrevista:


Mia Couto nos recebeu no escritório da empresa em que dá expediente quando não está escrevendo livros.

Além de escritor, Mia Couto estou medicina e se formou em biologia.

Tem uma empresa de projetos ambientais que funciona numa casa no centro de Maputo.

Fala mansa, Mia Couto não se altera com nenhuma pergunta.

Além deste diário, também participou da entrevista o jornalista português António Cascais, radicado na Alemanha desde criança.

A entrevista foi em 29 de outubro, um dia depois das eleições.

Mia Couto ainda estava com o dedo indicador direito sujo com a tinta indelével que comprova a participação no processo eleitoral e serve para impedir que se vote duas vezes.

Durante cerca de meia hora, Mia Couto falou sobre política, Frelimo, democracia, os mitos em torno da África e um pouco sobre literatura.


O QUE ESSA ELEIÇÃO REPRESENTA PARA A DEMOCRACIA DE MOÇAMBIQUE?

A democracia...Acho que nos habituamos a ver a democracia em Moçambique como uma coisa que é feita com vários caminhos. O caminho desta democracia parlamentar, com essa votação por delegação política em alguém que nos representa é uma coisa relativamente recente. Moçambique viveu 33 anos de independência e metade desse período foi feito sem democracia. Foi feito com regime de partido único. Curiosamente, havia durante esse regime algumas instituições, vamos dizer assim, que funcionavam. Principalmente ao nível de poder popular, poder de base. Funcionavam com nível de envolvimento e participação que hoje já não ocorre. Não estou a fazer a defesa do regime monopartidário. Estou a dizer que, para avaliar o regime da democracia, a possibilidade de participação das pessoas naquilo que são seus assuntos de interesse não podem ser medidos apenas por este parâmetro. De qualquer maneira, acho que os moçambicanos querem este caminho, querem o caminho da democracia formal, da representação partidária. E isso ainda não foi conseguido. É um processo, e agora isso implica que o partido no poder tem que ter oposição. E essa oposição tem que ser criada, tem que haver um processo de fundamentar isso que são forças da oposição. E isso ainda está a acontecer em Moçambique.(...)


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