04/04/2013

O novo som da viola caipira nas mãos de Claudivan Santiago





Viola Pura Viola. Esse é o nome do terceiro trabalho do cantor, compositor, poeta, jornalista e violeiro Claudivan Santiago, o segundo voltado exclusivamente para a viola caipira. Com uma linguagem musical bem própria, esse tocantinense radicado em Brasília desde 2003 vem conquistando fãs e inovando no mundo da chamada música raiz. Com suas letras às vezes rebuscadas e melodias sentimentalistas, suas músicas nos remetem à vida no campo. De imediato, chama a atenção sua forma muito particular de tocar a viola, instrumento no qual iniciou os primeiros dedilhados em 2005, principalmente por se tratar de um músico autodidata.

Nesse novo trabalho, Claudivan Santiago procura mostrar o violeiro. Por isso optou por fazer um CD quase todo instrumental, seguindo os passos do seu grande mestre, Almir Sater. Das 12 músicas que compõem o Viola Pura Viola, apenas duas são cantadas.

Um dos destaques é a música A Experiência, que relata a história de um quase pacto com o Demônio. Nela, o cantor mostra um pouco da sua veia poética e suas destrezas com a viola. “Essa história de pacto com o Cramunhão fazem parte do universo da viola caipira, e da própria música do homem rural. E isso vem de muito longe. Desde criança eu ouvia falar dessas coisas. Mas essa música foi uma grande coincidência, não foi nada premeditado. A inspiração surgiu, e pronto!”, define o artista.

Outra música que chama a atenção é Memórias de um Sertanejo. Em estilo mais dançante, ela possui uma melodia dolorida, e fala da saudade de quem deixou o sertão para morar na cidade, tema comum no estilo caipira. A música lembra a famosa Vaca Estrela e Boi Fubá, obra do poeta cearense Patativa do Assaré, imortalizada na voz de Fagner. E essa similaridade não é por acaso. Claudivan Santiago é filho de mãe cearense, da região de Sobral, e se define como “um cearense nascido no Tocantins”.

Entre as instrumentais, os destaques são Dedo Duro e Pagode do Desesperado, que nos remetem à herança do saudoso Tião Carreiro, o rei do pagode; Valsa nas Nuvens, por sua vez, é uma viagem melódica e que exprime bastante ternura; A Matinha, que Claudivan fez inspirado na obra da violeira matogrossense Helena Meirelles; Buraco Negro, onde o batido caipira da viola ganha um ar pop com o uso da bateria eletrônica; e Viola Pura Viola, faixa que abre o CD e dá nome ao disco. Em todas elas, o artista imprimiu técnicas que aprendeu ouvindo Renato Andrade, Braz da Viola, Ivan Vilela e outros grandes mestres da viola caipira brasileira.

“Esta é uma experiência muito gratificante. Porque nunca pensei em fazer um disco instrumental. Sempre sonhei ser pianista, guitarrista, algo assim. Mas foi a viola que me pegou. E a música, para mim, é algo sobrenatural, que nos liga a outro mundo, a outras visões da vida, a outras dimensões”, completa Santiago.

Nenhum comentário: