18/04/2015

Dia do livro infantil - Homenagem a Monteiro Lobato



"Entre os mais humildes comércios do mundo está o livreiro. Embora a sua mercadoria seja a base da civilização, pois é nela que se fixa a experiência humana, o livro não interessa ao nosso estômago nem à nossa vaidade. Não é, portanto, compulsoriamente adquirido.

O pão diz ao homem: "Ou me compras ou morres de fome". O batom diz à mulher: "Ou me compra ou te acharão feia". E ambos são ouvidos.

Mas se o livro alega que sem ele a ignorância se perpetua, os ignorantes dão de ombros, porque o próprio da ignorância é sentir-se feliz em si mesma. 

E, pois, o livreiro vende o artigo mais difícil de vender-se. Qualquer outro lhe daria maiores lucros, ele o sabe e heroicamente permanece livreiro. E é graças a essa generosa abnegação que a árvore da cultura vai aos poucos aprofundando as suas raízes e dilatando a sua fronteira. 

Suprima-se o livreiro e estará morto o livro. 

E com a morte do livro retrocederemos à Idade da Pedra. 

A civilização vê no livreiro o abnegado zelador da lâmpada em que arde, perpétua, a trêmula chamazinha da cultura."

(O livreiro, Monteiro Lobato)

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